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Reflexões sobre cansaço - parte 2

  • Juliana Pellegrino
  • 26 de set. de 2022
  • 2 min de leitura

Hoje me deparei com um meme com a seguinte frase:

“o problema é que eu quero fazer faculdade, estágio, 50 cursos, ver série, ler, malhar, comer bem, dormir bem e socializar

e ainda quero ser boa em tudo”

Essa é uma das coisas que me chega com frequência (e que eu vivo pessoalmente também).

Já pararam para pensar o que nos constrói esse desejo? O que nos faz achar que é preciso dar conta e, principalmente, DESEJAR tudo isso?

Sem contar a obrigação de ser boa/bom em tudo. Não falo de não buscar fazer um bom trabalho na sua área ou nas coisas que se propõe, isso é sim um lugar de importância e cuidado. Mas a exigência de uma excepcionalidade em qualquer atividade, como única hipótese, adoece. Erros são coisas que serão cometidas até por quem tem excelência no que faz, pois não nascemos sabendo tudo e, principalmente, pois faz parte de aprender. Vejo pessoas se exigindo nível profissional em hobbies e atividades de lazer. Tendo vergonha em APRENDER e se comparando e se achando “não tão bons quanto outros”. Em que momento nós nos tiramos o direito de viver cada etapa do nosso desenvolvimento como ela nos cabe? Em que momento você passou a exigir de você o funcionamento de uma máquina? Esse tipo de auto-exigência (que sabemos que vem de uma cultura adoecida que introjetamos) também alimenta esse cansaço crônico que persegue muitos.

Esse ano comecei a aprender a tocar bateria. Nunca tive ou toquei um instrumento na vida até então. Não possuo nenhum conhecimento teórico musical. Me percebi frustrada em não conseguir, em 3 aulas, tocar uma música inteira.

Me exigi horas seguidas de treino, mesmo exausta (pois cansa) pois “ainda não estava bom o suficiente”. O que era para ser uma atividade de prazer estava virando uma exigência de um desempenho sem sentido. Ou melhor, com o sentido de que, hoje, não há espaço para o que não é perfeito.

Nem nossos rostos podem seguir o fluxo de envelhecimento natural dele pois rugas, marcas de expressão, manchas de senilidade são combatidas como se fossem crimes.

Refletir sobre esses padrões de funcionamento global e as interferências dos mesmos em nós se faz importante.

Como não viver exausta/o/e em um mundo de exigência à perfeição?

 
 
 

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