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Perdoar não significa esquecer ou relevar.

  • Juliana Pellegrino
  • 5 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 9 de nov. de 2020


Arte: Kate Louise Powel


Tenho reparado que, atualmente, a palavra “perdão” vem ganhando um espaço “perigoso”, sendo algo falado de maneira tão superficial que viver o perdão está sendo praticamente um ato compulsório. Sem contar todas as resistências que são levantadas quando alguém escuta sobre perdão: “Isso só vai autorizar a pessoa a errar de novo.”, “Perdoar é ser trouxa.”, “Se eu não perdoo aprendo e não caio mais no mesmo erro.”.


Perdoar não é um sentimento. Perdoar é uma ação. E uma ação não exatamente para um outro alguém, mas uma ação para si, individual.


Na enxurrada de “deverias” sociais/religiosos que se põe no perdão, a maioria esquece que perdoar é um ato para nós. Que nos liberta e nos livra de sustentar uma situação que causa mal e adoece.


Deixo claro que, ao falar sobre perdão, em hipótese alguma estou dizendo que perdoar é:


- Esquecer o que lhe causaram,

- Conviver com agressores ou pessoas que lhe causaram mal,

- Se deixar ser ofendido,

- Tolerar humilhações,

- Ignorar consequências de atos,

- Justificar os erros e amenizá-los,

- Se reconciliar com abusador,

- Se vingar.


Muitas vezes a pessoa machucada se culpa, achando que havia algo que ela deveria ter feito para que tal ato não acontecesse, porém não há mais o que fazer no passado. Ficar preso nessa situação faz com que não olhemos para nós mesmo com compaixão. Respeite o que viveu, olhe para suas dores, cuide delas. Você fez o possível naquele momento. Reconheça se há alguma atitude a partir de agora que pode ser mudada e se abra para a possibilidade de novas vivências.

Perdoar é um ato que fazemos antes de tudo por nós mesmos. É uma ação que para ser mobilizada é preciso nos permitir entrar em contato com nós e abrir mão das amarras rígidas da própria experiência. É reconhecer a gravidade do ato, condenar a atitude, mas escolher não passar o resto de seus dias preso à pessoa que lhe fez tanto mal. O rancor pode levar a pessoa a viver o trauma repetidas vezes e consequentemente continuar ligada a quem lhe fez mal e a situação de vida que a machucou, mesmo que já não haja mais contato presencial com a mesma.


Perdoar alguém não significa achar esse alguém bom. Perdoar envolve desenvolver e enxergar que você possui condições de se defender e que irá fazê-lo quando necessário. É se construir forte e cortar o poder do outro dentro de você.


E lembrem-se sempre: vocês não tem NENHUMA obrigação de perdoar nada ou ninguém!! A dores precisam do tempo delas para se curarem. Perdão é uma ato para si e ninguém deve lhe ditar como ou quando perdoar.

Se lidar com toda a mágoa está gerando em você vivências não saudáveis ou doenças, não existe problema em buscar ajuda profissional. Ninguém precisa viver estagnado na dor. Se permita cuidado.


 
 
 

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